Thursday, June 30, 2011

ICTs for a Better Future

II Jornadas eMadrid sobre e-learning - m-Gymkhana: Cómo crear gymkhanas para móviles Android

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Seminario eMadrid: Aprendizaje móvil - MW-TELL, uso de dispositivos móviles para el aprendizaje de lenguas extranjeras

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Seminario eMadrid: Aprendizaje móvil - Introducción

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Seminario eMadrid: Aprendizaje móvil - Integración de diferentes aplicaciones educativas y experiencias en entornos m-learning

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Seminario eMadrid: Aprendizaje móvil - Facilitando la creación de servicios móviles: MoBots y Gloo

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II Jornadas eMadrid sobre e-learning - m-Learning y holografía: ¿Técnicas compatibles?

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II Jornadas eMadrid sobre e-learning - Mobile Learning: Myth or Reality? Theory, Trends and Cases

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The Case for Mobile Learning

Tuesday, June 28, 2011

Iqbal Quadir says mobiles fight poverty

Jan Chipchase on our mobile phones

O telemóvel: ferramenta pessoal para apoiar a aprendizagem




O telemóvel é uma ferramenta multimédia de comunicação, mensagens texto, imagem, vídeo e voz. Os alunos estão a descobrir novos usos do seu telemóvel de apoio às actividades curriculares. Para além das mensagens texto, podem captar voz, imagens e vídeos que representem a sua aprendizagem.

Quando deixamos que sejam os alunos a descobrir as potencialidades dos seus dispositivos móveis os professores são surpreendidos com o uso personalizado que os alunos fazem deles. Assim, por exemplo quando dei indicações sobre os conteúdos a preparar para o dia da avaliação fiquei surpreendida com alguns alunos a tomar notas no telemóvel e não no papel. Este facto é revelador que os alunos individualmente possuem hábitos tecnológicos que fogem aos padrões tradicionais.

Quando, noutra altura pedi aos alunos que descarregassem os ficheiros mp3 para os dispositivos móveis verifiquei que dois alunos estavam a partilhá-los via Bluetooth, o que despertou nos outros uma certa curiosidade e consciencialização do potencial desta tecnologia.

Noutra ocasião, fiquei surpreendida quando vi um aluno a ler um ficheiro texto no ecrã do telemóvel em vez de ouvi-lo. Esta situação, despertou uma reflexão, alertando-me para os diferentes métodos de aprendizagem. Os alunos não aprendem todos da mesma maneira e têm preferências diversificadas. Por isso, a diversificação das fontes de aprendizagem é essencial, permitindo que cada aluno escolha as da sua eleição a cada instante. Embora lhes tenha dado a possibilidade de leitura e/ou audição dos conteúdos, este aluno, em questão, escolheu a leitura a partir do ecrã do seu telemóvel, não tendo no momento qualquer importância as limitações impostas pelo tamanho do ecrã, servindo perfeitamente os objectivos da actividade.

Outra ocasião fui surpreendida com os alunos a gravar os esclarecimentos que estava a fazer sobre um assunto curricular, para mais tarde ouvir, não necessitando de tirar apontamentos, podendo concentrar-se no momento da explicação.

Outro uso do telemóvel foi verificar que um aluno não tinha copiado para o caderno um esquema feito por mim no quadro. Quando abordado sobre o assunto, o aluno apenas exibiu a foto que tinha tirado com o seu telemóvel para rever em casa. Os apontamentos de hoje transferiram-se para os dispositivos de bolso que a maioria dos alunos manuseia com mestria.

Hoje são os alunos que me perguntam onde podem descarregar os Podcasts, não necessito dizer-lhes para o fazerem. Este começa a ser um hábito no quotidiano das minhas aulas. Os alunos já sabem que cada nova unidade temática é completada com os ficheiros áudio que ajudam os alunos de forma autónoma a aprender quando e onde querem, desenvolvendo neles o gosto pela aprendizagem e a necessidade de aprendizagem ao longo da vida.

É uma cultura para a autonomia e aprendizagem ao longo da vida, através da utilização dos dispositivos móveis que andam no bolso do aluno, que quero desenvolver nos meus alunos. Porque hoje os jovens já não escrevem na palma da mão, como antigamente, para se lembrarem de algo, tudo é anotado no telemóvel, que através de um elemento sonoro lhes recorda o acontecimento. Alguns alunos, consideram que o telemóvel lhes permite ser mais organizados e que já não têm desculpa para esquecimentos (embora nem sempre seja assim).

O que pretendo é que eles descubram por si que os dispositivos móveis, que tantas vezes são alvo de distracção e indisciplina passem a ser um aliado de peso no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Só temos lhes abrir as portas e utilizá-los com todo o potencial que possuem.

Lentamente é necessário abrir as portas a outros paradigmas, a outras linguagens metodológicas para que os alunos paulatinamente se transfiram para práticas inovadoras e experiências de aprendizagem que apelem ao desenvolvimento do pensamento crítico e complexo (Jonassen, 2007). Os professores devem estar preparados para explorar e adaptar esta ferramenta no processo de ensino/aprendizagem, abrindo todas as oportunidades para promover o sucesso educativo, porque o telemóvel anda, diariamente, no bolso dos alunos, com o qual desenvolveram uma certa dependência.

Esta ferramenta não só permite aos alunos aprender, como também mostra que o professor também aprende, sugerindo que se pode aprender juntos, constituindo um excelente exemplo para promover a aprendizagem ao longo da vida, porém a focalização não deve estar na ferramenta, mas na aprendizagem.

Tuesday, June 14, 2011

As novas gerações de alunos



Os alunos das gerações mais jovens, nascidos a partir de 1980, cresceram cercados de diferentes tecnologias digitais que continuam a moldar o modo como vivem, pensam, aprendem e interagem. São vários os termos usados para descrever a geração actual de alunos e os seus estilos de aprendizagem que vêm sendo alterados em virtude das tecnologias digitais indissociáveis do seu quotidiano. Entre a variedade de termos figuram expressões como “Nativos Digitais” (Prensky, 2001a), “Geração Net” (Oblinger & Oblinger, 2005; Tapscott, 1998), “Geração Millennium” (Dede, 2005; Pedró, 2006, 2009), “Geração Polegar” (Rheingold, 2003) ou “Geração Móvel” (Moura & Carvalho, 2008a; Moura, 2009a; Tremblay, 2010), contribuindo todas elas para evidenciar diferentes aspectos do mesmo fenómeno.
A maioria das actividades quotidianas da actual geração de alunos está relacionada com tecnologia e com a participação em redes sociais. Muita da gestão de conhecimento que os jovens actualmente realizam fora da escola é mediada por tecnologias. A popularidade das mensagens instantâneas, das redes sociais e outras ferramentas da Web 2.0, como os blogues ou as Wikis, deve-se às mudanças na forma como esta geração pode aprender, comunicar e divertir-se (Pedró, 2006). Segundo Redecker (2009), embora haja discrepâncias entre os perfis tecnológicos dos membros desta geração de alunos, reflectindo a fractura digital existente em diferentes países, há dados provenientes de diferentes fontes que indicam a existência de mudanças nas atitudes, estilos e padrões de aprendizagem, com grande impacte na aprendizagem.
Algumas das características mais marcantes desta geração têm vindo a ser discutidas. Redecker (2009) descreve nove dessas características:
Uso da tecnologia - Esta geração sente-se confortável a usar várias tecnologias em simultâneo (Prensky, 2001a). Por ter crescido com a Web tem experiência no seu manuseamento e gosta de estar “always on” (Traxler, 2005a, 2009). Não obstante, Oblinger e Oblinger (2005) chamam a atenção para o facto de embora sentirem alguma facilidade a usar tecnologia, sem manual de instrução, a sua compreensão e valor da tecnologia é superficial. É aqui que o papel do professor é fundamental.
Multitarefa – Refere-se ao processamento simultâneo de duas ou mais tarefas através de um processo de mudança de contexto. É a habilidade de realizar multitarefas. Para eles a multitarefa é a abordagem normal no uso dos media digitais, como seja estar online e ao mesmo tempo ver TV, falar ao telemóvel e fazer os trabalhos de casa. A variedade de dispositivos digitais e interfaces em que actuam incentiva a multitarefa (Dede, 2005). Movem-se rapidamente de uma actividade para outra e muitas vezes executam-nas em simultâneo (Oblinger & Oblinger, 2005). Em consequência, os seus padrões cognitivos estão a mudar. Esta geração não pensa de forma linear e parece ser menos estruturada do que as gerações anteriores (McLester, 2007). Os jovens adquirem conhecimento através de um processo descontinuado, informação não-linear, o que altera profundamente os seus estilos de aprendizagem (Pedró, 2006). Dede (2005) adverte para o facto da multitarefa poder resultar numa sobrecarga cognitiva e perder a sua eficácia. Tudo depende da forma como for usada a multitarefa. Se resulta numa forma superficial e distractiva de obter informação ou numa forma sofisticada de sintetizar novos conhecimentos. Ellis et al. (2010) realizaram uma experiência para analisar se o multitasking na sala de aula afecta o grau de desempenho dos alunos. Metade dos participantes foram autorizados a realizar outras tarefas, como por exemplo poder enviar mensagens de texto durante a aula, enquanto que à outra metade isso não foi permitido, estando obrigada a concentrar-se apenas no desenvolvimento da aula. Os dados indicam que os resultados dos exames dos alunos a quem foi permitido realizar multitarefas são significativamente inferiores relativamente aos resultados dos alunos que não tiveram autorização para a multitarefa na sala de aula. Para estes autores a multitarefa na sala de aula é considerada uma distracção que pode resultar em menor desempenho dos alunos e que é preciso ter em consideração.
Individualização e personalização – As tecnologias, em especial, os dispositivos móveis estão a permitir um aumento do acesso à informação em qualquer lado e a qualquer hora. Também permitem um acesso “just-in-time” ou “ just-for-me”. Isto pode ser a base para a individualização e personalização da aprendizagem. É a base para uma aprendizagem fragmentada e isolada. Siemens (2006, p. 72) sintetiza esta tendência através da expressão “The rise of the individual”, por considerar que os indivíduos têm agora maior controlo, maior capacidade para criar e para se conectar do que em qualquer outra época da história. Para este autor as relações são definidas por conveniência e interesse e não geograficamente. Podemos trabalhar onde e quando queremos. O tempo e o espaço deixam de ter limites. Prensky (2005) considera ser necessário que a sala de aula capitalize as capacidades e competências individuais dos alunos, caminhando no sentido da instrução personalizada, continuamente adaptada às formas de aprender de cada aluno. Como observa McLester (2007), esta geração de alunos é extremamente social, mas também egocêntrica e esforça-se por se tornar independente.
Hiperconectados – Os alunos desta geração gostam de estar sempre disponíveis, sempre conectados, “always on” (Oblinger & Oblinger, 2005). Comunicam por SMS, estão online nas redes sociais ou no MSN, tudo em simultâneo. Este aumento da conectividade estreita os limites entre o mundo real e o mundo virtual (Siemens, 2006). Para Prensky (2005), a adaptabilidade, conjugada com a conectividade, é onde a tecnologia digital mais impacto terá na educação. Tapscott (2008) no seu livro “Growing up digital” diz que os jovens navegando na Internet deixam de ser os passivos espectadores em frente à televisão, como foram os seus pais, e isto vai transformar os seus cérebros.
Imediatismo – Como refere Siemens (2006, p. 74) “the world has become immediate”. O imediatismo é outra característica desta geração que em virtude da exposição a diferentes meios de comunicação (conversas ao telemóvel, SMS, MSN), espera respostas imediatas e reacções rápidas. Esta situação de comunicação é vista com normalidade por esta geração, que é extremamente impaciente (McLester, 2007). Este ritmo acelerado pode muitas vezes significar falta de atenção, na sala de aula, quando a aula deixa de ser tão interactiva, pouco desafiante ou lenta (Oblinger & Oblinger, 2005). Acostumados a muitos estímulos facilmente se enfadam na sala de aula tradicional. Prensky (2005) reforça esta ideia ao referir que, cada vez mais, os nossos alunos deixam de ter os pré-requisitos para uma verdadeira aprendizagem (o envolvimento e a motivação), porque a escola não os envolve, nem os motiva.
Múltiplos tipos de media – Os alunos de hoje dominam uma variedade de ferramentas (computador, calculadores, leitores de MP3 ou MP4, telemóveis) que são como extensões dos seus cérebros, por isso educar sem estas ferramentas não faz sentido para eles (Prensky, 2005). Esta geração tem estado exposta a múltiplos tipos de media desde a mais tenra idade e como consequência são visualmente mais estimulados do que as gerações passadas e estão mais confortáveis em ambientes ricos em imagens do que com texto, como assinalam Oblinger & Oblinger (2005). Para estes autores, muita da leitura feita pelos jovens é feita na Web. Esta geração considera os conteúdos multimédia, pela sua natureza, de maior valor do que o texto simples. Na opinião de Prensky (2005) os jovens usam no dia-a-dia novos sistemas de comunicação (SMS, MSN, chat), partilham (blogues), compram e vendem (eBay), trocam (P2P), criam (flash), coleccionam (downloads), coordenam (wiki), reportam (telemóvel), pesquisam (google), socializam (salas de chat) e aprendem (navegando na Web). Para este autor é preciso que os professores ajudem os alunos a beneficiar destas ferramentas e sistemas para os educar para o futuro.
Empenho e atitude de trabalho – Os jovens gostam mais de aprender fazendo, do que se lhes diga o que fazer. Preferem fazer coisas do que pensar ou falar sobre coisas (Oblinger & Oblinger, 2005). Uma parte dos alunos considera que a única função da escola é fornecer-lhes um diploma que os pais lhes dizem que eles precisam. Mas muita da aprendizagem faz-se “depois da escola”, é onde os jovens aprendem sobre o seu mundo e se preparam para a vida do século XXI, como menciona Prensky (2005). Para este autor é preciso ouvir a voz dos alunos e ter em conta as suas opiniões e fazer mudanças com base nas válidas sugestões que oferecem, senão “we will be left in the 21st century with school buildings to administer—but with students who are physically or mentally somewhere else” (pp. 5-6). Como consequência da sua natureza social, estes jovens preferem, a maior parte do tempo, aprender e trabalhar em equipa, sendo que muitas vezes os pares têm mais credibilidade do que os professores (Oblinger & Oblinger, 2005).
Sociabilidade e espírito de equipa – Os jovens estão abertos à diversidade, diferenças e partilha (Oblinger & Oblinger, 2005). Facilmente falam com estranhos na Internet. Porém, este sentido de sociabilidade precisa de sentido de segurança também.
Novas competências para a era digital – Os alunos de hoje mudaram relativamente aos do passado, do ponto de vista de Prensky (2001a, s.p), “Our students have changed radically. Today’s students are no longer the people our educational system was designed to teach”. Segundo Siemens (2006), os jovens vivem num mundo caracterizado por uma sobrecarga de informação e uma brecha, cada vez maior, no acesso à informação. Para este autor, “Our conceptual world view of knowledge – static, organized, and defined by experts – is in the process of being replaced by a more dynamic and multi-faced view” (Siemens, 2006, p. 3). As múltiplas fontes de informação que existem na Web obrigam a um desenvolvimento de competências de pesquisa, triagem, validação e síntese, muito diferente da assimilação da informação de uma única fonte de conhecimento a partir do manual, televisão ou professor (Dede, 2005; Siemens, 2006). A natureza não-linear dos ambientes digitais, introduzida pela tecnologia hipermédia, leva a novas dimensões de pensamento e de aprendizagem, diferentes da forma linear como se lê em papel.
Conhecer e compreender a Geração Polegar é fulcral, para criar condições propícias à aprendizagem e ao envolvimento dos alunos. Alguns teóricos da educação (Dulay & Burt, 1977) consideram que os alunos retêm o que aprendem quando a aprendizagem está associada a uma forte emoção positiva. Estudos no âmbito da psicologia cognitiva (Christianson, 1992) mostram que o stress, o aborrecimento, a confusão, a baixa motivação e a ansiedade podem individualmente e mais profundamente em combinação, interferir com a aprendizagem. Nesta linha de pensamento Kohn (2004, pp. 44-45) adverte para o facto de:
"When students are engaged and motivated and feel minimal stress, information flows freely through the affective filter in the amygdale and they achieve higher levels of cognition, make connections, and experience “aha” moments. Such learning comes not from quiet classrooms and directed lectures, but from classrooms with an atmosphere of exuberant discovery."
Ninguém duvida que esta geração de alunos é diferente das anteriores, por estarem constantemente conectados à Internet e com o seu telemóvel. Apesar de muita gente pensar que são individualistas, descuidados, que a escola não lhes interessa, a realidade é diferente. Os media e as empresas sabem disso e estão a mudar a sua metodologia de aproximação, para os manter interessados, no entanto, a escola continua a fazer quase o mesmo que há décadas antes quando se instituiu a escolarização formal.

Tuesday, June 7, 2011

A tecnologia na aprendizagem dos alunos


Pretender compreender o acto de aprender tem constituído um enorme desafio para especialistas, tanto no campo da psicologia, como da pedagogia. Segundo Dalsgaard e Paulsen (2009) aprender é um processo activo. Para estes autores, a aprendizagem ocorre através de actividades orientadas para um problema, em que os alunos são encaminhados para resolver um problema e atingir um objectivo. A abordagem sociocultural (Teoria da Actividade) enfatiza que as actividades individuais são sempre situadas numa prática colectiva (Vygostsky, 1978; Engeström, 1987). De uma maneira geral as práticas pedagógicas enfatizam apenas o produto da aprendizagem esquecendo-se de que a aprendizagem é um conceito complexo e deve ser visto de um modo alargado.
Apesar de frequentemente se afirmar que o homem quando nasce é uma tábua rasa, para Piaget (1973, p. 69) “ …a aprendizagem jamais parte do zero”, porque à nascença cada um já vem dotado de capacidades de iniciativa instintivas ou reflexas. A plasticidade da mente humana permite aprender em qualquer contexto ou situação. É a capacidade que o homem tem de aprender que lhe permite adaptar-se às condições do ambiente sempre em mudança. O acto de aprender pode ser entendido como uma acção dinâmica, pois quando um sujeito aprende adquire e produz conhecimento mais ou menos inovador.
A curiosidade e a auto-motivação para aprender, empreender, inovar e agir são fundamentais num mundo em constante transformação e distinguem aqueles que se destacam e criam futuros mais prósperos para si e para a comunidade. Ser inteligente na Era do Conhecimento é estar conectado a várias redes de aprendizagem e trabalhar em comum. Muito do movimento e interacção das redes realiza-se de forma mediada por recursos e ferramentas, por tecnologias de redes digitais, influenciando significativamente as práticas de estudo e aprendizagem. Por isso, é importante a existência de estudos que procurem entender como as tecnologias influenciam os padrões de aprendizagem das actuais gerações de alunos.
Um estudo realizado entre universidades do Reino Unido, abrangendo vários estudos de caso, investigou como os padrões de aprendizagem dos alunos são influenciados pela disponibilidade de tecnologias. Os resultados mostram evidências que apoiam a ideia de que os alunos actualmente estão imersos em ricos ambientes de aprendizagem e que seleccionam e se apropriam das tecnologias para as suas próprias necessidades. O relatório foi divulgado pelo Institute for Prospective Technological Sudites (IPTS) e os resultados indicam a existência de uma mudança na forma como os alunos trabalham, sugerindo uma complexa inter-relação entre os indivíduos e as ferramentas. Relativamente aos resultados produzidos neste estudo, Redecker (2009) apresenta oito factores que identificam formas de aprendizagem e caracterizam as mudanças nas práticas de estudo dos alunos:
Pervasividade – Os alunos usam tecnologias para apoiar diversos aspectos do estudo (pesquisa, gestão e produção de conteúdos). Eles são parte de amplas comunidades de pares com as quais partilham recursos e procuram apoio.
Personalização – Os alunos apropriam-se das tecnologias conforme as suas necessidades, usando diversas tecnologias em simultâneo.
Adaptabilidade – O uso de ferramentas específicas não é uniforme; diferentes tecnologias são utilizadas para propósitos particulares e não apenas para os fins para os quais foram desenvolvidas;
Organização – Os alunos gostam de procurar, gerir, manipular informação relevante e sintetizam a informação através de diferentes fontes, usando várias ferramentas de comunicação. Eles estão habituados a ter um acesso fácil à informação e por isso esperam que nos cursos aconteça o mesmo.
Transferabilidade – Competências desenvolvidas pelo uso de tecnologias noutros âmbitos das suas vidas são transferidas para outros contextos, entre eles a aprendizagem;
Fronteiras de tempo e espaço – Os alunos podem comunicar com professores e pares, de várias maneiras, e esperam respostas imediatas ou quase. As tecnologias proporcionam-lhes uma maior flexibilidade permitindo-lhes poder aprender em qualquer lugar e tempo. Os alunos parecem mais aptos a trabalhar com um ambiente em constante evolução sentindo-se confortáveis com múltiplas tarefas, trabalham com múltiplos recursos e ferramentas simultaneamente.
Mudanças nos padrões de produção – Métodos de validação e referências cruzadas indicam que os alunos misturam e associam diferentes fontes de informação, combinam velhas e novas metodologias, exigindo competências de síntese de alto nível.
Integração (médias e recursos) – Os alunos estão a usar ferramentas em combinações variadas para satisfazer as necessidades individuais, ajustando, conectando medias, sítios, ferramentas e conteúdos.
Uma das características mais marcantes deste estudo foi o facto dos alunos capitalizarem as tecnologias sociais para proporcionar apoio e comunicar com os pares. Os alunos estão a usar uma gama de ferramentas de comunicação para trocas de ideias, prestar apoio e verificar progressos. Como refere Dede (2005), as mudanças no estilo de aprendizagem dos alunos irá solicitar uma mudança para a construção activa do conhecimento por meio da imersão mediada.
Neste sentido, a escola deve estar atenta a estas mudanças e acompanhar a evolução dos papéis dos professores, alunos e restante comunidade educativa, que certamente terá um profundo impacte sobre a cultura educacional, na promoção da inovação. Além disso, as fronteiras tradicionais entre a escola e outros ambientes, especialmente, casa e família, têm de ser superadas através da criação de ambientes virtuais de aprendizagem, independentemente do lugar e do tempo, que complementem as práticas educativas escolares e diluam as paredes da sala de aula.
Apesar destas necessidades é preciso ter algumas precauções sobre o uso da tecnologia na sala de aula. O mais importante é não usar a tecnologia pela tecnologia, mas certificar-se que o seu uso atende um objectivo específico e ajuda a realizá-lo da melhor maneira. Como referem Ellis et al. (2010), as tecnologias digitais, quando usadas adequadamente, são poderosos dispositivos que podem aumentar a aprendizagem. Por outro lado, se são usadas inadequadamente podem resultar em consequências desastrosas para a aprendizagem. É desejável que os alunos participem na sua própria aprendizagem e que tenham um papel activo nas actividades mediadas por tecnologias. Os alunos actuais querem aprender através de ferramentas do século XXI, que lhes pertencem, porque são poderosas, programáveis e personalizáveis (Prensky, 2005).